Meu Deus não é o mesmo que teu Deus


Ao mesmo tempo que a lei Hermética de analogia nos permite compreender o "Macro" através do "Micro", em muitos momentos ela nos limita, fazendo com que acabemos interpretando tudo sobe a ótica a qual já estamos acostumados, nos tornando incapazes de assimilar um conceito completamente oposto aquele que fomos "adestrados" a acreditar.
Dentro de nossa sociedade ocidental/cristã, vejo isso com muita frequência na questão da religião. O molde mental no ocidente automaticamente interpreta tudo sob a ótica cristã/judaica, mesmo quem está em outras religiões acaba cometendo este equívoco, descaracterizando, confundindo e deturpando outras crenças e filosofias.
A grande maioria das pessoas é simplesmente incapaz de conceber algo diferente daquilo que já foi acostumado a pensar, as vezes até saem do cristianismo, mas os conceitos deste não saem da pessoa, fazendo com que ela leve seu Deus e seu salvador para onde quer que vá, mesmo em filosofias que não comportem esse tipo de conceito.

A afirmação mais comum é a de que: "teu Deus é o mesmo que meu Deus, só com nome diferente". Nessa afirmativa tão comum, fica claro que o máximo que o cristão aceita, é que os outros creiam no mesmo que ela, só que por outros nomes. Talvez por isso que muitos fiquem tão chocados ao se depararem com um Ateu, pois acreditam que seja alguém completamente alienado a realidade (quando muitas vezes é justamente ao contrário).

Nenhuma das filosofias orientais, por exemplo (Budismo, Taoismo, etc.), comporta a existência de um Deus. Não se trata de crer em outro Deus, dentro dessas crenças/filosóficas, Deus simplesmente não existe. Não se trata de usar um outro nome para a mesma "coisa", trata-se de falar de "outra coisa", completamente diferente e muitas vezes oposta ao que você acredita.


A Teosofia e o Ocultismo também não aceitam o Deus Antropormofizado Judaico/Cristão, aceitando somente uma origem comum, neutra, que não julga, não interfere, estando todos sujeitos a lei impessoal e incriada chamada karma. Aceita-se "agentes divinos", hierarquias celestes, mas não um ser máximo regendo tudo a distância, controlando os acontecimentos como se fossemos simples fantoches.

Outro exemplo muito elucidativo, é a interpretação que damos aos "fenômenos sagrados" indígenas. Tentando "inserir" algo semelhante ao que acreditamos na crença dos outros, transformamos, por exemplo, Tupã em um Deus, quando na verdade, para os Índios Tupã não é nem Deus, nem um Deus... está mais para um fenômeno, uma força natural, um conceito novo e diferente, que simplesmente não existe nada semelhante dentro da cultura Hebraica e seus derivados.

Outro caso clássico são os Orixás dos Africanos, Orixá não é um Deus, nem um Anjo, ele é um Orixá... outro conceito inexistente dentro da cultura Judaica/Cristã, por isso qualquer analogia e comparativo é impossível e incorreto,  uma deturpação total do conceito.


Não, meu Deus não é o mesmo que seu Deus, não estamos abordando o mesmo assunto sobre a mesma vestimenta, é simplesmente outro assunto, oposto ao que você crê. Portanto, se for conhecer outra crença, não "leve-O" na bagagem, se está procurando algo novo, abra-se para novas possibilidades e interpretações... caso contrário, é melhor que permaneça na igreja.


Respeitar as outras crenças não é o mesmo que achar que todo mundo crê no mesmo que você. Um dia talvez você irá descobrir que, há um mundo rico e cheio de hipóteses e possibilidades fora do seu limitado círculo de crenças e conceitos.


CAMOS

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

As tempestades solares já estão nos afetando