Penso com muita intensidade sobre a vida dos monges; a vida monástica, que muitos adotaram ainda na época de igreja iniciante.
Disposição de homens com o entendimento de que seria melhor assim para uma espiritualidade mais rica, e que portanto, retiraram-
se para o isolamento buscando nele crescer na comunhão com Deus.
Combinavam elementos distintos, que se juntavam para definir o estado de contemplação . Oração, silêncio, rigor nos hábitos, e
radical renúncia a tudo que consideravam possível de desviá-los da busca pelo Absoluto.
De todos os que romperam com a vida comum para o isolamento voluntário, dois nomes permanecem como pioneiros desse movi-
mento: Antão e Pacômio; mas milhares se somaram à vida contemplativa. Muitos tornaram-se os chamados pais da Igreja; pensa-
dores da realidade de Deus transmitida até hoje, com inviolável poder de convencimento.
Não foi um movimento só da igreja iniciante, esparramou-se por épocas e lugares diferentes, sendo forte em nossos dias.
Nunca concordei que Deus só nos quer envolvidos com o cotidiano comum à maioria das pessoas. Que para valer, a fé e a
espiritualidade têm que necessariamente permanecer incrustadas nas
pressões da secularidade.não se trata de alhear-se a tal ponto,
que não seja possível ter consciência do que se passa em volta. Aflições, carências, sofrimentos de toda sorte que machucam e
deixam amargas cicatrizes na vida humana. Somos sim,universos inteiros que devem se ajustar aos demais a nossa volta: se
não for assim, estaremos reduzidos à nulidade da existência.
Os monges sabem disso! Mas fazem o que muitos não sabem fazer: equilibrar a vida de tal forma, em que a relação com Deus,
seja construtiva e nos leve a uma relação social divinizada. Ou seja, quanto mais se encontra com o semelhante e com a nature-
za... e consigo mesmo.
Às vezes até mesmo a movimentada religiosidade que temos - igreja, grupos disso e daquilo, reuniões, ensaios - nos impede de
relacionar melhor com Deus. Acostumamos com a sequência invariável da religião e não nos preocupamos em brecar o que são
hábitos, para entrarmos numa experiência absorvente com Deus.
A cada dia vamos sendo modificados em nossa essência, por uma série de pressões da realidade exterior que adotamos como
verdade únicas da nossa constituição humana. O espaço para Deus vai definhando; passamos a cumprir rituais da religião mas
renunciamos às experiências espirituais com Deus.
Precisamos ser monges no dia-a-dia, precisamos aprender a contemplar, a adorar, a deixar sermos invadidos pelo Espírito para
sentir Deus vivendo dentro de nós. Precisamos buscar o silêncio algumas vezes; nele identificamos que há escolhas equivocadas em
nós que precisam ser trocadas pelas coisas de Deus. E são as coisas de Deus que nos fazem sentir verdadeiros!
Encontre o canto onde você pode se transformar em monge, ele existe, ainda que não seja um paraíso de paz e tranquilidade;
importa que Deus possa estar junto, que você arrume um lugar para ele, também.
Rev. Luís Roberto Pinheiro Chagas.
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